HC INFORMA: Cuidados assistenciais com pacientes em uso de sonda nasoenteral em residências

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A sonda nasoenteral é um dispositivo da medicina que tem sua função apenas para a alimentação do paciente. Geralmente tem um comprimento de 50 a 150 cm, e diâmetro médio interno de 1,6 mm e externo de 4 mm. Apresenta em sua estrutura marcas numéricas ao longo de sua extensão auxiliando no posicionamento, são maleáveis e com fio guia metálico e flexível. Este guia deverá ser guardado para ser utilizado novamente, caso seja necessário repassar a sonda. Esse procedimento é de responsabilidade do Enfermeiro ou Médico.

São indicadas nos seguintes casos:

– Impedimentos motores (Cirurgias maxilares, tumores, estenose esofágica).

– Suprimento alimentar insuficiente (Caquexia, sepses).

– Má absorção e indigestão (Problemas do intestino).

– Processos inflamatórios da boca e garganta.

– Distúrbios do Sistema Nervoso (derrame cerebral).

– Traumas.

– Terapias Medicamentosas.

– Doenças crônicas.

– Pós operatório.

A sonda nasoenteral é passada da narina até o intestino. É utilizada em grande escala em pacientes acamados que apresentam caquexia, sendo de escolha no caso de pacientes que receberam alimentação via sonda por tempo indeterminado e prolongado. Por isso esta sonda só permanece aberta durante o tempo de infusão da alimentação.O método utilizado é pouco invasivo, mas exige cuidados especializados.

No ato da alta do paciente, os familiares recebem inúmeras informações, muitas vezes extensas, tanto a respeito da doença quanto da manutenção da sonda. Como há muitas informações, nem sempre é fácil absorvê-las, bem como cumprir as novas tarefas domiciliares, porém é fundamental o acompanhamento domiciliar desse paciente. É necessário a cooperação de toda a família ao alimentar-se esse doente via sonda, tendo em vista a importância e necessidade dessa terapia alimentar. Vamos abordar alguns cuidados na residência, afim de assegurar o tratamento correto do doente diminuindo a ansiedade da famí­lia, deixando-os mais seguros e garantindo melhor resultado na aceitação e no aprendizado durante a manipulação e administração da dieta, diminuindo os riscos de complicações, vamos lá:

Manuseio da sonda: – Atentar sempre para a fixação da sonda, tomar cuidados com retrações (ato de puxar), pois pode ser deslocada do posicionamento correto.

Exemplo: durante o sono, banho, mudança de decúbito ou pelo próprio paciente.

Posição da sonda: – Solicite que o enfermeiro verifique com você a posição correta da sonda. Meça o comprimento da parte externa com uma fita métrica.  Assim, você poderá verificar sempre se a sonda continua na mesma posição. Se houver aumento de mais de cinco centímetros do comprimento da parte externa, a sonda pode ter saído do estômago ou do intestino.

Limpeza e higiene: – Após o banho, secar a sonda e trocar a sua fixação, seja da face ou da mangueirinha plástica (dependerá do tipo de fixação). A fixação e a sonda deverão estar sempre secas, evitando o desconforto do paciente, odores desagradáveis e colonização de microorganismos. Higienizar as narinas do paciente e tomar cuidado para não tracionar a asa nasal ao limpar e fixar a sonda, causando lesões. Se o paciente apresenta confusão mental, agitação psicomotora, doentes com demências, etc, as vezes se fará necessário restringir as mãos do paciente com luvas sem os dedos, para impedi-los de retirar a sonda.

A seringa, equipo ou frasco devem ser mantidos “limpos e sem resíduos  de  dieta”.  Eles podem  ser reutilizados enquanto estiverem limpos, sem resíduos, sem rachaduras. O êmbolo da seringa deve deslizar bem, o equipo deve permanecer flexível e transparente. Caso haja sinais de  deterioração, devem ser desprezados. Para lavar a seringa: retirar o êmbolo (a  parte interna da seringa) e a membrana preta que cobre a ponta deste. Lavar todas as peças, com água e detergente, enxaguar bem, secar, montar e guardar em recipiente limpo.

Administração de dieta, infusões de líquidos e medicamentos:

Sentar o paciente. Se ele for acamado, elevar a cabeceira por no mínimo 30 graus, (para diminuir os riscos de aspirações de dieta e refluxos gástricos). Não deitar o paciente logo após ingestão alimentar e hí­drica. Sempre lavar a sonda com água filtrada após administração de dietas e medicamentos (1 a 2 seringas de 20ml), evitando obstruções por resí­duos alimentares. Havendo obstruções, pode se realizar manobras para desobstrução, infiltrando água morna (ideal com seringa de 50ml).

Em caso de obstrução (entupimento), rachadura, furo, perda ou saí­da  parcial da sonda, você deverá procurar a Unidade Básica de Saúde (Posto de Saúde) ou outro serviço que lhe for indicado, levando a sonda, lavada com água e sabão, e seu guia metálico, para que o enfermeiro verifique se  podem ser reaproveitados.

COMO ADMINISTRAR MEDICAMENTOS PELA SONDA?

Se o médico prescreveu medicamentos a serem administrados pela sonda, proceder da seguinte maneira.

  • Medicamentos lí­quidos: aspirar o volume prescrito de cada medicamento com a seringa e injetar pela sonda.
  • Comprimidos e drágeas: amassar cada medicamento separadamente, triturar e dissolver em água; aspirar com a seringa e injetar pela sonda.
  • Cápsulas: abrir a cápsula, diluir o conteúdo em água filtrada e injetar pela sonda.
  • Cápsulas gelatinosas: furar a cápsula, aspirar o conteúdo com uma seringa, diluir em água e injetar pela sonda.

Antes de administrar os medicamentos e ao final, lavar a sonda com 40 ml de água. Não misturar medicamentos diferentes.

Injetar 5ml de água após cada medicação, para evitar que se misturem na sonda, podendo entupir a mesma.

ATENÇÃO!

Existem medicamentos que não devem ser administrados pela sonda. Verifique com seu médico!

Tempo de troca determinado pelo protocolo do serviço de acompanhamento do paciente.

QUANDO DEVO PROCURAR A EQUIPE DE SAÚDE RESPONSÁVEL?

Você  deve procurar a equipe de saúde responsável em caso de:

  • Diarreia por mais de um dia,
  • Constipação (prisão de ventre) por mais de três dias,
  • Náuseas e vômitos persistentes,
  • Dor abdominal, dor na infusão de dieta,
  • Febre (mais de 37,5°C),
  • Rosto ou pernas inchadas,
  • Perda de peso,
  • Sangramento,
  • Obstrução (entupimento) da sonda,
  • Saí­da total ou parcial da sonda,
  • Ferida ou irritação da pele ao redor da sonda

REFERÊNCIAS:

JUNIOR, Armando Miguel. Cuidados com pacientes com sondas naso-enteral. Disponível em: http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/09/27/cuidados-com-sondas-em-idosos-na-assistencia-domicilar/

COLUNISTA, Portal Educação. Sonda Nasoenteral. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/sonda-nasoenteral/30540

DREYER et al. Nutrição Enteral Domiciliar. Manual do usuário. Disponível em: https://www.hc.unicamp.br/servicos/emtn/Manual_paciente.pdf

Fábio Freitas Rocha – Enfermeiro.

Pós Graduado em Enfermagem do Trabalho e Gestão em Saúde Mental.

TEXTO SOB COORDENAÇÂO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE

Coordenador Peterson Gomes Faria

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